A família é um abrigo para tempestade. No entanto, em algumas circunstâncias, ela é a própria tempestade.

A família comumente é vista como a base da vida. Costumo me deparar, eventualmente, com descrições de ‘bio’ ou legendas de fotos como: “minha família, minha base” ou “minha família, meu porto seguro” — inclusive quando estou analisando (e não stalkeando, importante salientar) perfis de familiares em disputas judiciais aterrorizantes.

Em regra, encontramos nas famílias espaço de maior acolhimento, um refúgio capaz de proteger seus membros das adversidades externas. No entanto, em determinadas circunstâncias, ocorre justamente o contrário, o lar se torna um lugar de hostilidade e desprezo. A casa, onde as pessoas deveriam se sentir mais seguras, muitas das vezes é o local mais ameaçador, especialmente para crianças e mulheres.

Quando os conflitos se intensificam e atingem o âmbito judicial, a família pode se tornar o epicentro da própria tormenta. Questões como divórcio, guarda de filhos, pensão alimentícia ou partilha de bens carregam não apenas implicações jurídicas, mas também profundas marcas emocionais.

Nesse contexto, é natural que sentimentos de mágoa, frustração e desgaste venham à tona, transformando laços de afeto em linhas de tensão. O processo judicial familiar, por sua natureza, não envolve apenas direitos e deveres: ele atinge diretamente a identidade, a história e os elos mais íntimos das pessoas. Por isso, é um momento em que a atenção ao bem-estar e à saúde mental se torna essencial para lidar com os desafios judiciais e atravessar as emoções em vez de contorná-las.

Cuidar de si durante esse percurso não é sinal de egoísmo, mas de responsabilidade. Buscar apoio psicológico, manter rotinas saudáveis, fortalecer redes de apoio e, sempre que possível, cultivar o diálogo respeitoso. Essas são atitudes que podem ajudar a reduzir os impactos do conflito. Assim, mesmo diante da tempestade, é possível preservar a dignidade, a esperança e a possibilidade de reconstruir uma vida mais equilibrada e serena.

Lembre-se, após a tempestade, ainda existe a chance de reconstrução — seja dos vínculos familiares em nova forma, seja da própria vida pessoal, fortalecida pela superação.

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